sexta-feira, 30 de abril de 2010

Chegara do bar, tonta e misericordiosa / reflexos do tédio e monotonia que a circulavam .
Atravessara a rua em passos trôpegos, o suplício velado da ausência de Vera. Ou seria Joana?
- É a bebida que me faz confundir o pensamento. – dissera a si mesma.

Não era a bebida,nem tampouco Joana,Vera ou Sophia / nunca fizera a diferença.

“Vera fornicava sem prazer.”
“Joana era calada e ausente.”
“ Sophia se perdera e me machucara. Sinto falta de Sophia.”

A primeira passara em sua vida como quando se espera por um telefonema,mas o que se recebe é uma carta de despedida. Vera, mulher decidida e amargurada, pintava as unas de vermelho escarlate, dedos longos e aliança. Procurava uma amante - talvez esse tenha sido o maior problema, ela não queria amor e ela,desiludida,não acreditava mais em fidelidade.
Joana ensinara em uma escola, fora sempre tímida e nunca se descobrira mulher. Bebia vinho toda sexta à noite e lia Pessoa para distrair-se. Sozinha sempre fora e permanecera sóbria.
A terceira,Sophia, chegara sem despedidas, não perguntava nada e amava sem medo nem meias palavras. Acreditava em destino,mas a vida por si só mostrara que fora esse o seu crime.

Isabella - dona de uma voz rouca e um humor inegável, que bebia para esquecer suas frustrações e desatinos, não acreditava no que lia e praguejava palavras sem sentido durante o sono. Arranhara o coração de Sophia , fora esquecida por Joana e se tornara viva nas lembranças de Vera.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

formspring.me

Maior vontade/desejo? (:

você >:)

Como se sente sabendo que sou o seu primeiro???

REALIZADA! AUHUAHUAHUAHUA beijinho, well.

Ask me anything

terça-feira, 10 de março de 2009

Cigarro no escuro


"Tudo vai ficar bem". Ouvia essa promessa des de sempre e nunca, nada ficava.
[Faisca, faisca...Chama...]
A brasa na ponta do cigarro parecia desafiar o brilho das poucas estrelas no céu.
Lua cheia encoberta, noite vazia, sem som, sem vento...
Faziam tres dias que relampeava pro noroeste, o outono estava chegando, as folhas secas já estendiam seus tapetes para ele, mas março não havia derramado nenhuma gota de suas águas tão cantadas...
No silêncio, no escuro, pensava na vida...Pensava como ela era feita de acasos, paradoxos irônicos...Risíveis
Grandes, violentas e vigorosas paixões mortas por pequenos sentimentos de esperança
teorias fortes e aparentemente definitivas, jogadas por terra em simples idas ao cinema
- Logo cedo, apaixonou-se por uma amiguinha do colégio...O tempo passou, o sentimento cresceu...
E a menina também, e a mesma acaba confidenciando para ele que suas preferencias sexuais
não são convencionais (ou sim, não sei...hoje em dia...)
[Pausa -tragada- riso...]
É um grande criador de realidades paralelas. Seus olhos vivem perdidos entre as montanhas e as nuvens do lugar onde mora...perdidos nas mais absurdas e interessantes histórias...Podia escrever uma delas
mas tem preguiça.
Adora saber as coisas do clima, do céu, da natureza...sabe quando vai chover, em que lua e estação estamos, prevê sempre como será a próxima...
[-Pensa na vida-]
Algumas lágrimas sempre rolam quando pensa nela...Não que seja infeliz. Nunca acreditou nessas definições. Ele sempre teve a certeza inconciente que alegria e tristeza não são como água e ólho...Alegria e tristeza coesistem
Chora pela triste certeza que todos nó temos: A certeza da mudança que não sabemos qual é...
Quem chora de medo, chora com o coração, com sinceridade...Torna-se humano...
Vendo a noite no escuro do terraço, ele pensa nas possibilidades de futuro que virão quando o sol nascer
pensa nas várias pessoas que estiveram presentes, e as que ainda estão.
Pensa na sua paixão atual, que é a mesmade muitos anos... Pensa que concretizá-la é um desperdício, pois o que lhe dá motivo de viver é a eterna duvida e a esperançaque ela proporciona... -Sofrimento é café pequeno! Diz...
[Faisca, faisca, faisca...Sacode o esqueiro, faisca, chama]
Sentado na mureta, olha os relampagos no céu longinquo, esquece de metade do que pensou...Traga sua fumaça assassina, seu suicídio lento, ou, como Oscar Wilde falou certa vez: " O prazer mais válido: Charmoso e insatisfatório"
Os paradoxos irônicos, as paixões violentas, os amores serenos, tudo parecevirar fumaça e relampago... Olhos fixos, mente aberta, outra realidade criada... Espadas, dragões, ou talvez só sexo...quem sabe?
Acende outro cigarro desafiador de estrelas. "Tudo vai ficar bem". - Quando?
Pergunta para si...A única promessa e a única mudança que sabe que vai ser cumprida logo, é a chuva de março e o outono que vem
Pois nenhuma voz sussurrou nos seus ouvidos...Ele vê no céu, concreto, perene, firme.
Sua vida ridícula, suas paixões ridículas, tudo some em meio a fumaça e relampago.
Sujeito do mundo a sua volta, não pensa, não sente, não vê...
Vazio como a noite, sozinho como a lua, quieto como o vento...Está em paz, enfim...paz sem vigilancia, paz simples, calma, ordinária... a paz da auto-ironia descançada, a paz da paixão adormecida, a paz da lágrima seca, a paz da verdade silenciada...
tudo esvaiu-se...
[Cigarro apagado, noite acesa, lua cheia...Outono...]

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Canção pra Loucos



Agora te encontrei:
Trago a minha cabeça na tigela!
Está dentro da lei
Mas é a lei que não está dentro dela
Eu quis voar,
Você prendeu meus pés aqui no chão
Quer coroar-me rei,
mas sou bufão
Me dá os lábios, mas eu quero a mão...


Me faz de arlequim
E quer que eu dançe ao som da tua valsa
Quem sabe eu sou assim?
...Sou dançarino da sonata falsa...
Eu vivi
A coroar os sonhos com jasmim
Agora os sonhos não estão em mim
Foram tragados pelo tempo em fim...

Me diz que é normal
Ser o palhaço deste circo triste
E nesse bacanal,
minha entrada nunca que existe...

Eu sonhei
Com uma vida boa de viver
Agora vem você me convecer
De que eu fiz de tudo por merecer...


Mas na frente do mar
A vida parece ficar mais bela!
Andar no calçadão,
faz-me sentir assim,"poeta"

É assim...
Minhas emoções sempre estão além
Num fardo roto,que só cabe a mim
E este não divido com ninguém.

Vou sem me preocupar
Essa canção foi feita para loucos
Pra se indentificar
A todos que tem os seus fardos tortos

Eu me fiz
De puro aço,pra me derreter
Nas coxas brancas de seu puro ser
E na loucura tentar ser feliz...


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Anônimos



Escutei quando criança que nunca devemos falar com estranhos.
Porém, hoje em dia é o que mais fazemos.
Nosso pais são estranhos que não entendem nosso universo.
Nossos amigos são estranhos que tentamos de alguma forma dividir uma parte de nós mesmos.
Uma parte de nós mesmos que nem mesmo existe.
Não conseguimos juntar os pedaços para transformar em um todo.
Para a juventude atual uma palavra delimita seus relacionamentos: Fragmentação.
Não há esperança.
Não há esperança para os jovens.
Não há esperança para o mundo.
Tudo está se acabando.
A máquina criada pelo homem virou -se contra ele.
Todo mundo só olha para seu próprio universo.
Sendo que, este universo também não existe.
Dizem para seus filhos, netos, sobrinhos que devemos ser 'grandes' quando crescermos.
E, ser 'grande' virou sinônimo de ser bem sucedido,
de ter dinheiro.
E o tal dinheiro, comprou a felicidade dos santos,
subornou o reino de Deus e fez dos filhos do mesmo reflexo constante de uma sociedade que explora desde o pequenino até o maior.
Não importa mais o que você é,
e sim o que você tem.
No fim, só nos sobrou a fragmentação e a falta da identidade.
A prostituição de nossas mulheres, o genocídio pelo lucro.
O fim da infância.
O desespero que cresce cada dia mais pela falta de resposta para a pergunta:
Quem sou eu?