sexta-feira, 30 de abril de 2010

Chegara do bar, tonta e misericordiosa / reflexos do tédio e monotonia que a circulavam .
Atravessara a rua em passos trôpegos, o suplício velado da ausência de Vera. Ou seria Joana?
- É a bebida que me faz confundir o pensamento. – dissera a si mesma.

Não era a bebida,nem tampouco Joana,Vera ou Sophia / nunca fizera a diferença.

“Vera fornicava sem prazer.”
“Joana era calada e ausente.”
“ Sophia se perdera e me machucara. Sinto falta de Sophia.”

A primeira passara em sua vida como quando se espera por um telefonema,mas o que se recebe é uma carta de despedida. Vera, mulher decidida e amargurada, pintava as unas de vermelho escarlate, dedos longos e aliança. Procurava uma amante - talvez esse tenha sido o maior problema, ela não queria amor e ela,desiludida,não acreditava mais em fidelidade.
Joana ensinara em uma escola, fora sempre tímida e nunca se descobrira mulher. Bebia vinho toda sexta à noite e lia Pessoa para distrair-se. Sozinha sempre fora e permanecera sóbria.
A terceira,Sophia, chegara sem despedidas, não perguntava nada e amava sem medo nem meias palavras. Acreditava em destino,mas a vida por si só mostrara que fora esse o seu crime.

Isabella - dona de uma voz rouca e um humor inegável, que bebia para esquecer suas frustrações e desatinos, não acreditava no que lia e praguejava palavras sem sentido durante o sono. Arranhara o coração de Sophia , fora esquecida por Joana e se tornara viva nas lembranças de Vera.